A importância de uma boa descrição de Cadeira de Rodas para Adequação Postural

A IMPORTÂNCIA DE UMA BOA DESCRIÇÃO DE CADEIRA DE RODAS PARA ADEQUAÇÃO POSTURAL

O conceito e a prática da adequação postural são recentes. Historicamente, a cadeira de rodas tem sido associada com “invalidez”. Essa atitude prevaleceu por muitos anos, e assim apenas recentemente têm estado disponível cadeira de rodas que proporcionam a máxima função para atender aos vários graus de necessidade do usuário.

Uma cadeira de rodas bem prescrita objetiva aumentar mobilidade, autonomia, conforto e segurança, porém uma cadeira de rodas sem adaptações acarreta em danos ao paciente, podendo levar a uma postura inadequada com possíveis contraturas e deformidades; prejudicar funções básicas como respiração, nutrição pela dificuldade de deglutição; alteração no sistema circulatório dificultando o retorno venoso; surgimento de dores e assim refletir diretamente nos aspectos psicossociais alterando a qualidade de vida do paciente.

Em virtude das necessidades dos usuários de cadeira de rodas é que surgiu um ramo da ciência voltado para essa problemática a fim de melhorar a qualidade de vida do portador de incapacidades. Esse ramo da ciência é chamado de tecnologia assistiva que é definido como qualquer item de equipamento como peças ou produtos adquiridos comercialmente e feitos sob medida.

Os aparelhos assistivos englobam inúmeros componentes que auxiliam na realização de tarefas de vida diária, dispositivos para adaptação na comunicação, deambulação, no posicionamento sentado, na condução de veículos, equipamentos sofisticados para construção de cadeiras de rodas motorizadas, etc.

A adequação postural na cadeira de rodas ou seating irá intervir na escolha do modelo de cadeira, no controle da postura e na administração de deformidades de modo a adequar o portador de deficiência física no meio ambiente para que possa executar tarefas com maior êxito, deslocar-se com facilidade, conforto e segurança.

O método de adequação postural possui objetivos fundamentais que visam melhor independência e participação social do usuário, sendo eles: conforto, alívio de pressão, aumento da função básica humana, suporte corporal, alterações e reajustes.

A escolha da cadeira de rodas, seja manual ou motorizada, deve levar em conta o potencial motor do paciente, suas necessidades dentro da comunidade e condições socioeconômicas. A adequação postural irá intervir na escolha do modelo da cadeira, no controle da postura e na administração das deformidades de modo a adequar o paciente possa deslocar-se com independência, conforto e segurança.

Indivíduos com incapacidades graves que não podem andar ou até mesmo sentar sozinhos, podem passar a vida deitados ou sendo carregados, por esse motivo os profissionais lançam mão do uso da cadeira de rodas. Para muitos, a cadeira de rodas é um estigma de incapacidade e dependência, porém a liberdade de ir e vir está diretamente relacionada à melhor qualidade de vida e maior independência.

O mau posicionamento na cadeira de rodas pode levar o indivíduo a ter problemas como: rigidez, contraturas, deformidades, restrição do movimento, úlceras de pressão além de comprometer o desenvolvimento emocional e intelectual.

O bom posicionamento do indivíduo na cadeira de rodas aumenta a mobilidade, autonomia, conforto e segurança levando a uma melhoria na postura sentada favorecendo funções básicas como respiração, nutrição e fluxo sanguíneo, previne dores e, além disso, melhora a sociabilidade.

O sucesso na prescrição da cadeira de rodas depende de vários fatores como: expectativa do usuário, adequação do ambiente tanto físico como social e da cooperação da família.

Os componentes da cadeira de rodas devem objetivar conforto e manutenção da postura, para isso os elementos que compõe a cadeira de rodas não devem ser eleitos de forma aleatória, pois se assim for esse meio de locomoção se converte em uma trava à autonomia, incômodo ao usuário, prejudicando sua independência e interação com o meio.

Para o processo de adaptação da cadeira de rodas pode ser necessária a utilização de alguns equipamentos como: cinto de segurança, apoio dos pés, abdutor de membros inferiores, encosto, mesa de apoio, apoios laterais para tronco, apoio de cabeça, bloqueadores de joelhos, protetor sacral entre outros.

No que se refere à adequação postural nas doenças neuromusculares, a maioria delas causa perdas motoras e funcionais significativas e o aparecimento de deformidade é incontrolável, portanto a intervenção da adequação postural deverá possibilitar frequentes ajustes e reajustes.

Num primeiro momento existe o controle cervical, o controle de tronco está presente ou instável, não há deformidades instaladas, mas o paciente pode apresentar posturas compensatórias (escoliose).

Nessa fase, o assento plano com base rígida e de densidades diferentes é utilizado para obter o posicionamento adequado, favorecendo melhor acomodação da pélvis. O apoio lateral de tronco em dois pontos tem a intenção de proporcionar suporte adequado, quando o controle de tronco for insatisfatório e corrigir posturas compensatórias. O cinto de segurança é um recurso adicional para auxiliar na estabilidade de tronco. O apoio de cabeça removível é útil quando há necessidade de longa permanência na posição sentada ou durante a locomoção do paciente em terrenos acidentados. O cavalo de abdução é utilizado para o alinhamento dos membros inferiores, quando o paciente apresentar adução, e o apoio lateral para as coxas será de utilidade para quando há tendência à abdução.

Em estágios mais avançados da doença o objetivo maior da adequação postural é o conforto. Assento e encosto são moldados para garantir a acomodação do paciente e a distribuição do peso corporal de maneira uniforme. As deformidades já estruturadas são apenas absorvidas e acomodadas

Conclusão:
A adequação postural é única, pessoal e para cada necessidade patológica. Ela deve analisar a estabilidade, função e conforto de cada usuário, prevenindo, auxiliando ou ainda corrigindo deformidades e posturas inadequadas, deve agregar qualidade de vida ao paciente e promover uma maior inserção social desse. Assim sendo um dispositivo adequadamente prescrito é capaz de desfazer a histórica associação entre o uso de uma cadeira de rodas com a incapacidade e a invalidez de seu usuário.

Fontes:
• Portal educacao.com.br/fisioterapia.
• Estudo desenvolvido na AACD – Associação de Assistência à Criança Deficiente, São Paulo, SP, Brasil.
• Uma versão deste estudo foi apresentada ao 2º Simpósio Brasileiro de Adequação Postural em Cadeira de Rodas, São Paulo, de 28 a 30 de agosto de 2008.
• Adequações posturais em cadeira de rodas — prevenção de deformidades na paralisia cerebral Postural adjustment in wheelchairs — deformities prevention in Cerebral Palsy Moisés Veloso Fernandes revistaneurociencias.com.br/edicoes/2007.

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